MEC suspende cursos à distância da Ulbra

Estudantes matriculados em cursos superiores seriam aprovados sem ter suas provas corrigidas

Por meio de nota, o Ministério da Educação (MEC), determinou a suspensão integral do ingresso de novos alunos em cursos à distância da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). No comunicado, o ministério ainda anunciou o descredenciamento de 192 polos de apoio presencial que apresentam funcionamento indevido e sem controle.

Caso persistam as irregularidades identificadas, a universidade poderá ser descredenciada para a oferta de cursos na modalidade à distância.

A decisão do MEC partiu da denúncia de um ex-funcionário à Polícia Federal. Ele afirma que
alunos matriculados em cursos superiores no ensino à distância da Ulbra seriam aprovados sem ter suas provas corrigidas. Há cerca de um ano, a instituição estaria lançando notas no sistema sem a análise das provas.

O homem fazia parte dos quadros da Ulbra até a semana passada, quando foi demitido. De acordo com ele, as provas não corrigidas são do tipo dissertativas, em que os alunos escrevem as respostas. Elas possuem peso maior na composição final da nota, que também leva em conta o desempenho dos universitários em questões de múltipla escolha.

Com base no depoimento do ex-funcionário, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão no setor de ensino à distância da universidade, na sexta-feira passada. Foram recolhidos três malotes de provas.

A falta de correção das avaliações estaria resultando em descontrole até na composição das listas de formandos. A reportagem teve acesso a um e-mail enviado pela coordenadora de uma escola conveniada à Ulbra, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, pedindo à universidade que excluísse da ata de formatura os nomes de dois alunos. Na mensagem, explica que esses universitários desistiram da faculdade no segundo módulo. Ou seja, estariam se formando sem que sequer estivessem estudando.

A Ulbra, que possui 90 mil alunos no ensino à distância, garante que o erro já foi corrigido e que os nomes dos alunos foram retirados da lista de formandos. A universidade promete investigar a denúncia do ex-funcionário, mas nega haver determinação para que as provas não fossem corrigidas, como explica o assessor jurídico da instituição, Jonas Dietrich:

— Será feita uma força tarefa para verificar se houve eventualmente algum tipo de situação que escapou o controle e estas serão corrigidas de forma eficiente e pontual.

A Ulbra possui 278 polos espalhados pelo país. Em 2009, a universidade assinou um termo de saneamento de deficiências do Ensino à Distância com o Ministério da Educação, em que que diversas exigências deveriam ter sido cumpridas.


zerohora.clicrbs.com.br